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As verdadeiras atividades do meu negócio

O que uma empresa faz? Qual são as atividades gerais de um negócio? Geralmente as pessoas costumam responder com a linha mais óbvia, por exemplo, se estamos falando de uma empresa de bolos, cujo core business é fazer bolos, o mais comum é responder “nossa atividade é fazer cozinhar bolos deliciosos”, correto?

Sim, errado não está! Mas embora um confeiteiro possa ter como atividade principal a confecção de bolos, essa está longe de ser a atividade da empresa. Uma empresa de bolos faz muito mais que bolos, e esse é um entendimento fundamental para qualquer pessoa que queria empreender ou qualquer empresa que queira deixar seus processos melhor alinhados.

Há um tripé fundamental dos negócios que determina três atividades genéricas obrigatórias para qualquer empresa: fazer a coisa a que empresa se propõe, vender essa coisa a que a empresa se propõe fazer e administrar a execução dessas duas tarefas.

Muito embora uma pessoa que geralmente tenha por interesse começar um negócio, comece através de um saber, uma habilidade ou conhecimento sobre algo, isso em si não é suficiente para que exista um negócio sobre esse algo.

Semana passada pude realizar uma palestra para o pessoal da ESALQ, da USP. O tema central era “como transformar o conhecimento acadêmico em um negócio” – no caso, uma startup.

A primeira coisa que comecei dizendo (sem medo de errar) foi que o conhecimento técnico não é um conhecimento de negócios. Você pode sair de uma universidade renomada como a USP com um incrível conhecimento técnico, acadêmico, sobre algum tema, inclusive você pode ser o melhor naquilo, e ainda assim isso não garante que você construa um bom negócio em cima desse conhecimento.

Vejamos, um médico, por exemplo, ele pode conquistar uma carreira muito promissora através de seu conhecimento técnico e habilidades ímpares, e ainda assim ele não necessariamente vai conseguir abrir um clínica ou startup e tornar o seu conhecimento em uma empresa, ou seja, conseguir gerar riqueza para além da capacidade de suas próprias mãos.

Isso acontece pois a habilidade e o conhecimento técnico, ou seja, o saber sobre algo, representa – bem genericamente – apenas um terço do que se requer para que exista um negócio prolífero.

Um negócio requer fazer a coisa, vender a coisa e administrar a coisa em partes iguais. Fazer a coisa não é mais importante que as outras duas áreas quando se trata de uma empresa.

Desse modo, quando chegamos na etapa “atividades” do Business Model Canva, ou de qualquer outro modelo de negócios, o que você responde? Que atividades sua empresa realiza?
“Produzir bolos” deixa de ser uma resposta precisa.

Assim como os custos fixos e variáveis, todo negócio possui “atividades fixas e variáveis”, que são absolutamente determinantes para o sucesso ou não de uma empresa.

Por exemplo, quando falamos aqui que um terço das atividades de uma empresa se concentram em vender a coisa desenvolvida pela empresa, estamos falando de comunicação, relacionamento, vendas, atendimento, marketing, etc.

Quando falamos que outro terço seria a administração da coisa e da venda, estamos falando dos processos burocráticos, fiscais, administração de recursos (humanos, físicos, intelectuais, etc) além de todos os demais setores administrativos que uma empresa requer.

É comum que quando as pessoas preenchem o Business Model Canvas, tendem a avaliar apenas as atividades de core business, e não, isso não torna o modelo errado, sobretudo se é um modelo voltado para compreensão do posicionamento da empresa, porém, se estamos analisando e avaliando processos, desenvolvendo o serviço ou realinhando setores, é imprescindível que entendamos tudo que está sendo executado pela empresa, e aí que a coisa muda: para que a empresa possa estar desenvolvendo a sua atividade fim, ela precisa estar muito bem resolvida com suas atividades meio.

Aliás, nesse ponto, cabe uma pergunta: a atividade fim de uma empresa de bolos, ela é produzir bolos ou vender esses bolos?

Provavelmente as duas coisas, e é por isso que insisto: a atividade da empresa consiste de um tripé: fazer, vender administrar. Não há hierarquia entre os três itens.

Desse modo, aqui na Imma, quando alcançamos essa etapa no modelo de negócios, antes de começar a descrever exatamente as atividades, criamos esses três grupos onde depois preencheremos com todas as atividades que a empresa depende para funcoinar.

Na ótica do Business Model, as atividades são divididas entre produção, serviço ou “plataform/rede”, porém, estas três espécies também se encaixam em fazer (por exemplo, produzir bolo, embalar bolo, comprar ingredientes do bolo, desenvolver novas receitas de bolo), vender (por exemplo, tirar foto dos bolos, postar reels com receita do bolo, responder clientes no Whatsapp da confeitaria), e administrar (agendar horário de entrega dos bolos, alinhar com entregador, organizar o fluxo de caixa da confeitaria, cobrar clientes que inadimplentes, etc).

Aqui, determinamos que uma atividade de uma destas três áreas (fazer, vender administrar), tem que ser descrita sempre que dela dependem outras atividades nas duas outras áreas ou sempre que ela exigir um responsável e um processo diário único, e não como parte de um processo maior: dessa forma também evitamos entrar em “microdetalhamento” e itens desnecessários, como por exemplo “abrir porta da geladeira para guardar o bolo” – isso consta na atividade “fazer bolo” por si só.

O modelo de negócios pode ser preciso, mas não deve ser uma ilha de microgenrenciamento, portanto saiba dividir melhor suas partes, mas use com sabedoria, nada de querer instruir as pessoas a respirar.

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