Estudo de caso 02: Madero

O posicionamento que vem derrubando o gigante do “melhor hambúrguer do mundo” À seguir, ponto a ponto, as tendências que deram ao posicionamento desta empresa do interior do Paraná uma das mais desastrosas histórias da crise.

1- Personalidade:

Empresas personalíssimas tendem a ter um posicionamento que é uma extensão da personalidade de seus donos. isso, por si só, é um potencial que pode ser bom ou ruim, mas sempre arriscado, pois depende sempre do comportamento e personalidade de uma só pessoa. No caso do Magazine Luiza, funcionou bem. No da Madero, não. Após se envolver em diversas declarações polêmicas, Júnior Dursky se vê obrigado a pedir desculpas cada vez mais constantemente para tentar salvaguardar o apreço dos consumidores que abandonaram a marca.

Quando não concordamos com a postura de alguém nossa tendência é combativa e depreciativa.

2- Referência de lado:

Pessoas querem que marcas se posicionem politicamente mas só se for de acordo com sua vertente política. Hoje estamos em uma situação polarizada: as declarações e apoios do dono da empresa o colocaram em um lado bem claro da polarização. As pessoas, em geral, não se importam em consumir de alguém que não tem o mesmo posicionamento que o seu, mas ninguém se sente confortável em consumir de alguém que se tornou uma REFERÊNCIA do lado oposto ao seu, são coisas distintas.

Na sociedade de consumo, consumir é posicionar. Quando a marca se torna referência de um lado que não gostamos, não queremos nos posicionar ao consumi-la, então não consumimos.

3- Autopromoção:

Por que eu deveria ir ao Madero? Porque ele tem o melhor hambúrguer do mundo. Ah é? E quem disse isso?

O Madero!

Ah ta.

Cada vez mais os humanos buscam a verdade. Geralmente a autopromoção passa a ideia totalmente oposta da verdade. Toda barraca de feira tem o tomate mais maduro.

4- Materialidade:

Mais uma vez o slogan da marca atrapalhou. Madero vende HAMBÚRGUER e só. Vende com o diferencial de ser AUTOPROCLAMADO “o melhor hambúrguer do mundo”. Hambúrguer existe em todo lugar: quando você compete por algo MATERIAL você concorre com TODOS. No momento da crise, isso pesou, pois a consideração de compra passa a ser, muitas vezes, puramente financeira. Geralmente o melhor hambúrguer do mundo é a nossa receita ou a receita de um amigo. Em uma sociedade de consumo, humanos consomem para ser e não para ter. A experiência de ser visto na unidade Madero era mais social do que gastronômica. Com o fim do físico a gente pondera o consumo buscando mais a experiênca. Se você não vende uma experiência impossível no momento, o que fazer quando o produto não é mais tão desejado? 5- Frivolidade:

Vamos combinar que um hambúrguer de 46 reais é caro. Vamos combinar que o Madero não trabalha a base da Pirâmide de Maslow e vende produtos supérfluos que só nos ganham quando nos conquistam emocionalmente de uma forma MUITO forte e clara. A marca é estéril, fria e estoica e nada afetiva. Sem pontos de contato emocionalmente relevantes. É muito difícil criar conexões (sobretudo no brasil) desta forma. Ao primeiro sinal de crise, é o primeiro produto do qual desistimos.

Sem conexão emocional o preço se torna muito mais aparente para os humanos e o seu produto se torna absolutamente supérfluo.

_ _ _

Gostou? Então deixa um like e comenta o que achou! Aproveita e também deixa aí qual marca você gostaria de ver em um próximo Estudo de Caso Imma. Ah, e se foi legal pra você, que tal aproveitar pra compartilhar nas suas redes sociais e mostrar pra mais pessoas?

TAGS:

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia mais

Estudo de caso 10: a netflix dos streamings

Estudo de caso 10: a netflix dos streamings

"TUDÚ" - com essa onomatopeia a gente começa o estudo de hoje da mesma forma que a abertura dos originais da Netflix, a ex-locadora que desbancou as locadoras. A onomatopeia não é das melhores, mas você consegue ouvir o som na sua cabeça. Com uma dívida de 13,5...

Estudo de caso 09: Clubhouse e a fórmula de sucesso eterna

Estudo de caso 09: Clubhouse e a fórmula de sucesso eterna

A gente hesitou mas… precisamos falar sobre o Clubhouse. A princípio, nada de novo no front: Clubinho. Mistério. Só convidados. A velha fórmula Groucho Marxiana funciona TODA VEZ: "Eu não quero fazer parte de um clube que me aceite como membro". E é isso. O...

Estudo de caso 08: Por que a Apple não envelhece?

Estudo de caso 08: Por que a Apple não envelhece?

Pela primeira vez em cinco anos, a "maçã" ultrapassou a Amazon e se tornou a marca mais valiosa do mundo. Segundo o ranking Brand Finance Global 500, a Apple vale hoje US$ 263,4 bilhões (R$ 1,41 trilhões), contra US$ 254,2 bilhões (R$ 1,36 trilhões) da Amazon, que...

Abrir WhatsApp
Precisa de ajuda?